Brasão das Armas Nacionais da República  Federativa do Brasil

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
SECRETARIA-GERAL DO EXÉRCITO

Brasão das Armas Nacionais da República  Federativa do Brasil

PORTARIA Nº 148 DECEx, de 1º de julho de 2019.

O CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO, no uso das atribuições que lhe confere o Artigo 44 das Instruções Gerais para as Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-01.002), aprovadas pela Portaria do Comandante do Exército nº 770, de 7 de dezembro de 2011, resolve:

Art. 1º Aprovar o Caderno de Instrução Treinamento Rústico Operacional “Cross Operacional” (EB60-CI-27.403), 1ª Edição, 2019, que com esta baixa.

Art. 2º Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação.

(Publicada no Boletim do Exército nº 28, de 12 de julho de 2019)

As sugestões para o aperfeiçoamento desta publicação, relacionadas aos conceitos e/ou à forma, devem ser remetidas para o e-mail adout-ch@decex.eb.mil.br

ÍNDICE DOS ASSUNTOS

Pag
CAPÍTULO I - GENERALIDADES
Considerações Iniciais ………………………………………………………….………….………............…… 1-1
CAPÍTULO II - FUNDAMENTOS DO CROSS OPERACIONAL
2.1 Princípios de execução ………………………………………………………….………….………............…… 2-1
2.2 Controle da carga ………………………………………………………….………….………............…… 2-3
2.3 Sequência dos exercícios ………………………………………………………….………….………............…… 2-4
2.4 Volta à calma ………………………………………………………….………….………............…… 2-12
2.5 Locais de treinamento ………………………………………………………….………….………............…… 2-12
2.6 Duração ………………………………………………………….………….………............…… 2-12
2.7 Aplicação ………………………………………………………….………….………............…… 2-12
2.8 Variações no controle da carga. ………………………………………………………….………….………............…… 2-13
CAPÍTULO III – CONCLUSÃO
Considerações Finais ………………………………………………………….………….………............…… 3-1
REFERÊNCIAS

CAPÍTULO

GENERALIDADES

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Profissionais militares necessitam de um bom nível de condicionamento físico para o desempenho das suas tarefas funcionais (KNAPIK, 1990; EISINGER, 2009; CARLSON, 2012). O militar deve manter bom nível de condicionamento físico, independentemente da idade, da função ou do sexo. Além de contribuir para a saúde e prevenção de doenças (MATSUDO, 1998; SALLIS, 1999; ARAÚJO, 2000; LEE, 2012), o bom condicionamento também está relacionado às habilidades motoras global e específica, que permitem replicar, em treinamento, os gestos que serão executados no combate (HUNT, 2013).

As ações no combate moderno exigem dos combatentes a execução de movimentos curtos e de alta intensidade, indicando que a capacidade de gerar força, potência e resistência dos músculos são componentes importantes para eficácia das referidas ações (HUNT, 2013; DHAHBI, 2015).

Sabe-se que a força muscular tem influência no transporte de carga individual (KNAPIK, 1991; KNAPIK, 1993; MALADOUANGDOCK, 2014) e que baixos níveis de aptidão física têm sido associados ao aumento do risco de lesão (KNAPIK, 2000). Além disso, posturas incorretas provenientes de fraqueza dos músculos do tronco podem provocar distúrbios na estrutura óssea da coluna vertebral, elevando, assim, o risco de dor ou lesão na mesma.

Estudos recentes sobre a capacidade cardiopulmonar indicam que a corrida, como atividade física, tem um impacto significativo na longevidade (LEE DUCK-CHUL, 2017) e que indivíduos com maior tolerância ao esforço aeróbio apresentam menor risco de morte, mesmo na presença de fatores de risco como hipertensão, diabetes mellitus e colesterol elevado, quando comparados com indivíduos com menor tolerância (MYERS, 2002).

Baseado nos estudos acima expostos e na busca por novos estímulos que permitam que militares cuidem bem de sua condição física, ao mesmo tempo em que se mantém aptos para o combate, o Departamento de Educação de Cultura do Exército (DECEx), por intermédio do Instituto da Pesquisa da Capacitação Física (IPCFEx), desenvolveu o presente método de treinamento de cargas mistas, intitulado Cross Operacional.

Por ocasião da revisão do EB20-MC-10.350, o presente Caderno de Instrução será apreciado quanto à sua pertinência em ser incorporado à nova edição.


CAPÍTULO II

FUNDAMENTOS DO CROSS OPERACIONAL

2.1 PRINCÍPIOS DE EXECUÇÃO

O “Cross Operacional”, idealizado a partir de conceitos de métodos de treinamento atuais como o Cross Fit e de métodos clássicos como o Cross Promenade, consiste de 12 tarefas de caráter isotônico e isométrico, que devem ser executadas a cada 200m de corrida, aproximadamente, em um percurso variado ou em uma pista de atletismo. Tais tarefas estão enquadradas como treinamento complementar de cargas mistas, e visam desenvolver a resistência e a potência aeróbia, a força explosiva, a força estática/dinâmica, a resistência muscular localizada e o equilíbrio estático/dinâmico. Cada distância de 200m deverá ser percorrida em ritmo livre ou proporcional à velocidade média desenvolvida na corrida do teste de 12 minutos do Teste de Avaliação Física (TAF).

Para auxiliar o Instrutor/Monitor de Educação Física e o OTFM no controle dos níveis de esforço, foram confeccionados quadros que organizam tanto as tarefas a serem executadas, quanto o tempo para percorrer os 200m

O Quadro 2-1, a seguir, apresenta as 12 tarefas em colunas de séries crescentes de intensidades, baseadas em cores predeterminadas (verde, amarela, azul e vermelha), de acordo com o grau de dificuldade de execução, a saber:

- série de cor verde, representando o nível de intensidade 1;

- série de cor amarela, representando o nível de intensidade 2;

- série de cor azul, representando o nível de intensidade 3; e

- série de cor vermelha, representando o nível de intensidade 4.

Cada cor de série corresponde a um tempo de execução ou um número de repetições das tarefas a serem cumpridas.

O Quadro 2-2 apresenta os tempos do ritmo dos 200m dentro das respectivas cores das séries. Esses tempos são baseados na velocidade média obtida no teste de corrida de 12 minutos do TAF. Assim, militares de diferentes idades, mas com um nível de aptidão cardiorrespiratória similar, poderão executar uma mesma série de Cross Operacional.

Além de se basear na proposta de ritmo do Quadro 2-2, o planejador deverá orientar o executante a levar em consideração, como fator de segurança, a escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) de Borg (Quadro 2-3).

2.2 CONTROLE DA CARGA

A intensidade geral das séries do Cross Operacional será dada levando-se em consideração a cor da série (Quadro 2-1), o tempo de deslocamento dos 200m entre as tarefas em relação à velocidade máxima obtida na corrida do TAF (Quadro 2-2) e a Escala de Percepção Subjetiva de Esforço de Borg (Quadro 2-3). Isso permitirá que um grupo realize as 12 tarefas de uma determinada série de Cross respeitando o princípio da individualidade biológica.

É importante que sejam realizadas pelo menos quatro semanas de treinamento em cada série de Cross para que se cumpram os princípios da adaptação e sobrecarga adequadas, antes da progressão para um nível maior de exigência. Além disso, o indivíduo somente deverá passar para outro nível de Cross quando se sentir confortável e totalmente adaptado à série anterior. Todos os militares iniciarão pelo menor nível de execução (série verde) como forma de adaptação ao método de treinamento.

Os militares que tenham obtido o conceito abaixo de “BOM” no TAF não deverão executar o Cross Operacional, devendo recuperar seus padrões de desempenho individual com um trabalho de base, antes de iniciar-se no Cross Operacional. A série vermelha, em função do elevado grau de dificuldade, é destinada a equipes esportivas, militares em preparação para cursos operacionais e indivíduos com conceito “E” no TAF e, por isso, excepcionalmente condicionados.

Por segurança, a Frequência Cardíaca (FC) será um fator controlador do treinamento do Cross Operacional. Para o cálculo da Frequência Cardíaca Máxima (FCM), deverá ser utilizada a fórmula contida no Manual de Campanha de TFM (EB20-MC-10.350).

Após as tarefas de Nr 3, 6 e 9, antes de iniciar o próximo deslocamento, bem como ao final da tarefa Nr 12, o militar deverá aferir a sua FC, conforme preconiza o Manual de Campanha de TFM (EB20-MC-10.350). A zona alvo da Frequência Cardíaca de Esforço (FCE) será de 70% a 90% da FCM (limite superior). Caso a FCE esteja fora dessa faixa, o militar deverá aumentar ou diminuir o seu ritmo de execução da corrida de 200m entre as oficinas, a fim de atingi-la

Durante a execução do Cross, a percepção subjetiva de esforço (PSE), além da FC, deve também ser usada como fator de segurança na realização das tarefas. No contexto do Cross Operacional, recomenda-se usar a escala de PSE entre as intensidades 3 e 7 (BORG, 1982; FOSTER, 2001), conforme o Quadro 2-3, abaixo:

2.3 SEQUÊNCIA DOS EXERCÍCIOS

A seguir, será apresentada a descrição de cada exercício que compõe o programa de treinamento. Antes de iniciar, é necessário que o executante esteja ambientado com os exercícios para aperfeiçoar a sua realização e não prejudicar o treinamento devido à má postura ou execução incorreta. As tarefas são comuns e muitas delas já estão previstas no Manual de Campanha de TFM (EB20-MC-10.350), variando apenas a intensidade entre cada exercício de uma mesma tarefa. Acima de cada ilustração é apresentado o nível correspondente do exercício dentro das cores das séries de montagem do Cross Operacional. Antes da execução de cada tarefa, exceto a de Nr 1, deverá ser realizada a corrida de 200m, de acordo com as intensidades descritas no Quadro 2-2.

2.3.1 TAREFA Nr 1 – CORRIDA + POLICHINELOS

Descrição - executar uma corrida de aproximadamente 400m (havendo balizamento), ou durante um período de dois minutos, em ritmo variado ao longo do percurso. A mudança de ritmo pode ser feita a cada 100m (se balizado) ou a cada 30 segundos. Ao término da corrida, realizar 40 polichinelos. Essas atividades servirão de preparação para as tarefas seguintes, as quais serão sempre precedidas pela corrida de 200m.

2.3.2 TAREFA Nr 2 – ISOMETRIA DE QUADRÍCEPS

Descrição

a. Nível Verde - usar uma superfície como apoio para as costas e manter a posição de flexão de coxas num ângulo de 90º com as pernas, no tempo de 30s (Fig 2-1A). Na ausência de superfície, realizar o exercício mantendo apenas a posição da angulação de 90º de flexão de coxas (sem apoio nas costas) ou em duplas de treinamento com o apoio recíproco das costas, a fim de permitir que os dois façam o exercício ao mesmo tempo.

b. Nível Amarelo - idem ao nível verde, no tempo de 40s (Fig 2-1B).

c. Nível Azul - idem ao nível verde, no tempo de 50s (Fig 2-1C).

d. Nível Vermelho - usar uma superfície como apoio para as costas e manter a posição de flexão de apenas uma coxa num ângulo de 90º com uma perna, no tempo de 30s. A outra perna deverá permanecer estendida (Fig 2-1D). Após o tempo, inverter os membros. Na ausência de superfície, realizar o exercício mantendo apenas a posição da angulação de 90º de flexão de coxas (sem apoio nas costas) ou em duplas de treinamento com o apoio recíproco das costas, a fim de permitir que os dois façam o exercício ao mesmo tempo.

2.3.3 TAREFA Nr 3 – PRANCHA LATERAL

Descrição
a. Nível Verde - realizar o exercício de prancha lateral com apoio no antebraço esquerdo/direito (Fig 2-2A). Permanecer na posição por 30s para cada lado do corpo.
b. Nível Amarelo - realizar o exercício de prancha lateral com apoio no antebraço esquerdo/direito e com a elevação vertical estática da perna direita/esquerda (Fig 2-2B). Permanecer na posição por 40s para cada lado do corpo.
c. Nível Azul - realizar o exercício de prancha lateral com apoio no antebraço esquerdo/direito e com movimento vertical simultâneo da perna direita/esquerda (Fig 2-2C). Manter o movimento por 50s para cada lado do corpo.
d. Nível Vermelho - realizar o exercício de prancha lateral com apoio no antebraço esquerdo/direito e com movimento horizontal simultâneo da perna direita/esquerda (Fig 2-2D). Manter o movimento por 60s para cada lado do corpo.

Observação: mais importante que a permanência na posição no tempo previsto é a correta execução do exercício. A execução incorreta pode potencializar uma lesão. Atenção especial no alinhamento da cabeça, pescoço, tronco e quadris!

2.3.4 TAREFA Nr 4 – SUGADO

Descrição
a. Nível Verde - consiste na execução do exercício “sugado” previsto no Manual de TFM (EB20-MC-10.350). Realizar cinco repetições.
b. Nível Amarelo - consiste na execução do exercício “sugado”, realizando a elevação corporal, com a execução de salto vertical antes da tomada de nova posição inicial (Fig 2-3B). Realizar sete repetições.
c. Nível Azul - consiste na execução do exercício “sugado”, realizando a flexão de braços no solo com fase ascendente de rotação de tronco e extensão alternada dos braços, permanecendo em um único apoio de mão (Fig 2-3C). A cada repetição, inverter a mão de apoio. Realizar a elevação do corpo com salto vertical (Fig 2-3B) antes da tomada de nova posição inicial. Realizar nove repetições.
d. Nível Vermelho - consiste na execução do exercício “sugado”, realizando a flexão de braços no solo com ELEVAÇÃO ALTERNADA DAS PERNAS (Fig 2-3D). Realizar a elevação corporal com a execução de salto vertical (Fig 2-3B) antes da tomada de nova posição inicial. Realizar 11 repetições.

2.3.5 TAREFA Nr 5 - ABDOMINAL

Descrição
a. Nível Verde - realizar o exercício de abdominal supra com os braços estendidos sobre a cabeça (Fig 2-4A1 e 2-4A2), no tempo de 30s (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).
b. Nível Amarelo - realizar o exercício de abdominal bilateral (bicicleta) no tempo de 40s, com flexão e extensão alternada de pernas (Fig 2-4B1 e 2-4B2). Durante o movimento, o cotovelo deverá tocar o joelho da perna contrária e as pernas não deverão tocar o solo. Os dedos das mãos permanecem tocando as orelhas (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).
c. Nível Azul - realizar o exercício de abdominal remador no tempo de 50s com flexão e extensão de tronco e pernas (Fig 2-4C1 e 2-4C2). As pernas não deverão tocar o solo durante todo o movimento (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).
d. Nível Vermelho - realizar o máximo de execuções do abdominal canivete no tempo de 60s mantendo pernas e braços estendidos (Fig 2-4D1 e 2-4D2). Durante o movimento ascendente, realizar uma flexão de tronco de forma que os dedos das mãos tentem tocar a ponta dos pés. As pernas não deverão tocar o solo durante a execução do exercício (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).

2.3.6 TAREFA Nr 6 – PRANCHA LATERAL COMBINADA

Descrição
a. Nível Verde - partindo da posição de triângulo com o apoio no braço direito/esquerdo (ver Manual de Campanha de TFM EB20-MC-10.350) e com a perna direita/esquerda DOBRADA no solo (Fig 2-5A), realizar o movimento simultâneo de inclinação de tronco e flexão de quadril tocando o cotovelo no joelho de braço e perna do mesmo lado (Fig 2-5A + 2-5B). Realizar o movimento durante 30s. Após, inverter o lado de apoio e executar o movimento para o outro lado do corpo (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).
b. Nível Amarelo - idem ao exercício anterior, com 40s de execução para cada lado do corpo (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).
c. Nível Azul - partindo da posição de triângulo com o apoio no braço direito/esquerdo (vide EB20-MC-10.350) e com a perna direita/esquerda ESTENDIDA no solo (Fig 2-5C), realizar o movimento simultâneo de inclinação de tronco e flexão de quadril tocando o cotovelo no joelho de braço e perna do mesmo lado (Fig 2-5C + 2-5D). Realizar o movimento durante 40s. Após, inverter o lado de apoio e executar o movimento para o outo lado do corpo (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).
d. Nível Vermelho - idem ao exercício anterior, com 50s de execução para cada lado do corpo (execuções máximas obedecendo à individualidade biológica).

2.3.7 TAREFA Nr 7 – PROPRIOCEPÇÃO DE TORNOZELO

Descrição a. Nível Verde - realizar o exercício de propriocepção com equilíbrio em um pé totalmente apoiado no solo (Fig 2-6A). Manter a posição durante 30s e inverter o membro de apoio. b. Nível Amarelo - idem ao nível verde, no tempo de 40s (Fig 2-6B). c. Nível Azul - idem ao nível verde, no tempo de 50s (Fig 2-6C) e com os olhos fechados. d. Nível Vermelho - realizar o exercício de propriocepção com equilíbrio em um pé totalmente apoiado no solo, mas com movimento de flexão e extensão de coxa da perna de apoio (Fig 2-6D). Manter o movimento durante 60s e inverter o membro de apoio.

2.3.8 TAREFA Nr 8 – SALTO HORIZONTAL COMBINADO

Descrição - partindo da posição de pé, realizar a flexão de coxa e, num movimento vigoroso, executar um salto horizontal procurando alcançar a maior distância à frente possível. Coordenar o balanço dos braços à frente no auxílio ao movimento. A posição final deverá ser tomada executando-se a absorção do impacto ao solo com a flexão de coxa e pernas. Em ato contínuo, realizar uma flexão de braços no solo e iniciar um novo movimento conforme o número de repetições previstas, de acordo com o nível de intensidade prevista (Fig 2-7A a 2-7H): - Nível Verde - cinco repetições; - Nível Amarelo - sete repetições; - Nível Azul - nove repetições; e - Nível Vermelho - 11 repetições.

2.3.9 TAREFA Nr 9 – PRANCHA FRONTAL

Descrição
a. Nível Verde - tomar a posição de parada do apoio de frente, mantendo o apoio dos dois antebraços no solo (Fig 2-8A). Procurar manter o equilíbrio corporal fazendo o alinhamento de cabeça, pescoço, tronco e quadris. Permanecer na posição correta no máximo de tempo possível ou até 30s.
b. Nível Amarelo - tomar a posição de parada do apoio de frente, mantendo o apoio dos dois antebraços no solo (Fig 2-8B). Elevar e manter completamente estendida a perna esquerda/direita. Permanecer na posição correta no máximo de tempo possível, ou até 25s, e inverter a perna em extensão e a de apoio no solo.
c. Nível Azul - tomar a posição deitada mantendo o apoio dos dois antebraços no solo. A seguir, manter apenas um cotovelo (esquerdo/direito) no solo juntamente com o membro inferior contrário (direito/esquerdo). O outro braço é posicionado à frente do corpo em extensão completa e o membro inferior inverso permanece também em extensão acima do solo (Fig 2-8C). Procurar manter o equilíbrio corporal fazendo o alinhamento de cabeça, pescoço, tronco e quadris. Permanecer na posição correta no máximo de tempo possível, ou até 30s, e inverter a perna em extensão e o apoio de cotovelo no solo.
d. Nível Vermelho - tomar a posição deitada, mantendo o apoio dos dois antebraços no solo. A seguir, manter apenas uma mão (esquerda/direita) no solo juntamente com o membro inferior contrário (direito/esquerdo). A outra mão é posicionada à frente do corpo em extensão completa do braço e o membro inferior inverso permanece também em extensão acima do solo (Fig 2-8D). Procurar manter o equilíbrio corporal fazendo o alinhamento de cabeça, pescoço, tronco e quadris. Permanecer na posição correta no máximo de tempo possível, ou até 35s, e inverter a perna em extensão e o apoio de mão no solo.

Obs: mais importante que a permanência na posição no tempo previsto é a correta execução do exercício. A execução incorreta pode potencializar uma lesão. Atenção especial no alinhamento do pescoço, cabeça, tronco e quadris!

2.3.10 TAREFA Nr 10 – AGACHAMENTO AFUNDO

Descrição
a. Nível Verde - realizar dez repetições (cinco para cada perna) do exercício de agachamento afundo (Fig 2-9A a 2-9D). O exercício caracteriza-se pela combinação de flexão de joelho e de extensão do quadril na perna da frente e uma leve flexão na perna de trás.
b Nível Amarelo – idem ao nível verde, com realização de 14 repetições.
c. Nível Azul - idem ao nível verde, com realização de 18 repetições.
d. Nível Vermelho - idem ao nível verde, com realização de 22 repetições.

2.3.11 TAREFA Nr 11 – FLEXÃO DE BRAÇOS NO SOLO

Descrição
a. Nível Verde - executar a flexão de braços no solo e, ao mesmo tempo, realizar o movimento vertical de uma perna, mantendo-a estendida (Fig 2-10A). A seguir, realizar a extensão dos braços voltando a apoiar os dois membros inferiores ao solo. Executar novamente o movimento de flexão de braços e elevar a outra perna. Realizar dez repetições.
b. Nível Amarelo - executar a flexão de braços no solo. A seguir, estender os braços e ao mesmo tempo realizar um movimento de rotação de tronco e elevar um braço mantendo a palma da mão na vertical (Fig 2-10B). A seguir, desfazer a posição e executar a mesma sequência de movimentos realizando a rotação de tronco e elevação do braço para o outro lado do corpo. Realizar 14 repetições (sete para cada lado do corpo).
c. Nível Azul - executar a flexão de braços no solo e, ao mesmo tempo, flexionar o quadril e o joelho lateralmente ao corpo, aproximando-o do cotovelo (Fig 2-10C). Estender os braços e voltar à posição inicial. A seguir, executar o mesmo movimento apontando a outra perna para a lateral. Realizar 18 repetições (nove para cada lado do corpo).
d. Nível Vermelho - executar a flexão de braços no solo. Estender os braços num movimento vigoroso de forma a elevar o corpo e perder o contato das mãos com o solo (Fig 2-10D). Absorver o impacto de retorno ao solo e realizar um novo movimento. Realizar 22 repetições.

2.3.12 TAREFA Nr 12 – CORRIDA COM ACELERAÇÃO MÁXIMA

Descrição - a tarefa Nr 12 consiste na execução de tiros curtos de corrida de acordo com o número de repetições da série planejada. A partida será da posição de decúbito ventral na direção do percurso (Fig 2-11A), mãos afastadas do solo e com início a comando. Após a execução de cada tiro de corrida, continuar o movimento em trote durante 30s. Ao final do tempo, tomar a posição inicial e executar a nova repetição (Fig 2-11A a 2-11C).
- Nível Verde - realizar 3x25m e 1x50m;
- Nível Amarelo - realizar: 4x25m e 2x50m;
- Nível Azul - realizar 5x25m e 3x50m; e
- Nível Vermelho - realizar: 6x25m e 4x50m.

2.4 VOLTA À CALMA

Ao final das 12 tarefas, deverá ser realizada a volta à calma, que consiste em uma corrida de 400m em ritmo leve, seguida de uma caminhada curta e dos exercícios de alongamento previstos no Manual de TFM (EB20-MC-10.350).

2.5 LOCAIS DE TREINAMENTO

Os locais de treinamento podem variar e, por isso, se adaptar à realidade de qualquer OM. Sendo assim, vão desde pistas de atletismo até percursos variados, incluindo pisos sintéticos, escadarias, aclives, terreno arenoso, grama, terra ou campo com obstáculos naturais. O importante é que o percurso esteja balizado a cada 200m (aproximadamente), a fim de permitir o controle pelos praticantes. Caso não seja possível balizar as distâncias de 200m, pode-se usar como referência apenas o tempo previsto para a conclusão da tarefa (Quadro 2-2). É importante prever pontos de hidratação ao longo do percurso.

2.6 DURAÇÃO

A sessão de Cross Operacional pode variar de 25 a 45 minutos (aproximadamente), excetuando o tempo de aquecimento e de volta à calma (corrida fácil, caminhada curta e alongamento). Deve-se realizar o aquecimento e a volta à calma de acordo com o previsto no Manual de Campanha de TFM (EB20-MC-10.350)

2.7 APLICAÇÃO

Sugere-se a prática de, no mínimo, uma sessão por semana, coordenada com os outros métodos de treinamento previstos no manual de TFM (EB20-MC-10.350). A realização deverá ser no mínimo em duplas ou, no máximo, nível pelotão, o que favorece a disposição psicológica para o treinamento e o trabalho com desenvolvimento de atributos da área afetiva na fração constituída. O comandante da fração sempre executará o Cross junto com a fração para demonstrar o exercício, controlar o tempo e manter o seu nível de condicionamento. Por ser flexível, este método é adequado a ser aplicado em campanha e nas situações onde haja restrição de espaço físico. Para a execução em campanha e/ou ambientes restritos, serão necessárias algumas adaptações:
- a corrida de 200m entre as oficinas será substituída por execução de corrida estacionária durante 30s em ritmo moderado (equivalente à intensidade 3 na escala de Borg – Quadro 2-3). Como alternativa à corrida estacionária, pode-se realizar, durante 30s, uma sequência de polichinelos antes das Tarefas de Nr 2, 5, 7 e 10;
- caso o militar execute individualmente o Cross em campanha, pode substituir a corrida de 200m entre as oficinas pelo exercício de pular cordas;
- as tarefas de Nr 1 (corrida e polichinelo), 8 (salto horizontal combinado) e 12 (tiros de velocidade) deverão ser suprimidas, assim como outras em que o terreno não recomende a execução; e
- pode ser usado o método do “quadrado”, onde cada tarefa será executada num dos lados do quadrado por um instrutor. Sugere-se manter a sequência dos exercícios de acordo com a série usada.

2.8 VARIAÇÕES NO CONTROLE DA CARGA

O OTFM também tem a possibilidade de fazer o planejamento de um Cross Operacional em percurso variado e adaptado à realidade de sua OM. Percursos com aclives, terreno arenoso, com obstáculos naturais ou com escadarias, além de serem atrativos e desafiadores, fornecem um acréscimo de intensidade ao Cross. Nesse caso, o OTFM poderá planejar séries mistas de Cross Operacional bastando, para isso, planejar o deslocamento de 200m em terreno variado.


CAPÍTULO III

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Cross Operacional é uma atividade física de intensidade moderada/muito difícil, que possibilita uma preparação física geral baseada em movimentos combinados e funcionais encontrados na rotina militar. Seus efeitos irão beneficiar o indivíduo tanto na capacidade cardiopulmonar quanto na neuromuscular, mas principalmente beneficiarão a aplicação dessas capacidades em movimentos executados em uma situação de combate.

Em respeito ao princípio da individualidade biológica, previsto no manual de TFM (EB20-MC-10.350), sua aplicação demanda cuidado especial, uma vez que esse método de treinamento físico não pode ser aplicado a todos indistintamente. Por essa razão, recomenda-se o acompanhamento rotineiro tanto do OTFM quanto do Médico da OM.

Buscou-se, assim, propor um modelo de treinamento físico atrativo e operacional que possibilite diversificar os exercícios e estimular sua prática em qualquer conformação de terreno, pois tão importante quanto a manutenção do bom nível de aptidão física é a permanência e a satisfação dos profissionais militares nos programas de exercícios disponíveis.

REFERÊNCIAS


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